Foto: Saulo Coelho |
Com um olhar firme e voz altiva a agricultora paranaense relembra o que disse ao marido ao ser diagnosticada com intoxicação crônica: “não quero que ninguém fique ao meu lado por pena. Se ficar, que seja por amor”. O tom de voz muda quando ela mesma revela a resposta do marido: “aí ele me disse que não nos casamos apenas perante convidados, nos casamos diante de Deus. Estamos juntos há mais de 20 anos”, lembra.
A história descreve uma das cenas do documentário “O diagnóstico”, do pesquisador e cineasta Beto Novais, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que narra o diagnóstico de agricultores da lavoura do tabaco paranaense acometidos por doenças provenientes da exposição aos agrotóxicos. Junto com os filmes “El costo humano de los agrotóxicos” e “Fabián, la sombra del êxito”, do fotojornalista e cineasta argentino Pablo Paviano, as obras denunciaram os danos à saúde de agricultoras e agricultores do Brasil e da Argentina provocados pela longa exposição a venenos agrícolas.
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Também participaram da mesa de abertura os representantes indígenas da Ororubá Filmes de Pesqueira PE, Kleber Xukuru e Marcelo Tingui. Os representantes destacaram a arte cinematográfica como construção de um cinema ancestral e de empoderamento dos povos indígenas.
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A programação do FICAECO é dividida em mostras especiais, compostas por filmes indicados pela organização, e mostra principal, composta por 28 filmes selecionados para exibição no festival, que recebeu 138 inscrições de filmes. As mostra são sucedidas por rodas de debates com convidados e entrega de troféus do prêmio Ana Pimavesi. O prêmio é uma homenagem a pesquisadora e militante de origem austríaca que migrou para o Brasil na década de 1950, iniciando sua atuação como pesquisadora e militante do campo da agroecologia.
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Após a exibição dos filmes ocorreu um debate entre o público e os documentaristas Pablo Paviano e Beto Novais, Raquel Rigotto, médica e pesquisadora da Universidade Federal do Ceará (UFC) e Margaret Matos, procuradora regional do trabalho do Paraná (MPT- PR).
Os debatedores destacaram a importância da ate cinematográfica como forma de resistência e denúncia dos riscos à saúde causados pelo uso indiscriminado de agrotóxicos.
“O cinema é uma arte de disputa das dominações simbólicas produzidas pelas mídias hegemônicas. É por meio da arte que tem sido possível quebrar a hegemonia”, enfatizou Rigotto.
O FICAECO recebe a estrutura de festival internacional na XI edição do CBA. Em edições anteriores, os filmes eram exibidos em mostra audiovisual agroecológica, com abrangência nacional.
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